Mostrando postagens com marcador LENDAS. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador LENDAS. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

O casarão assombrado de Guaiúba - CE



Hoje voltamos a publicar uma matéria da série "Histórias e Lendas Brasileiras", e voltamos a contar com a ajuda do amigo João Paulo Farias, que foi quem nos indicou o assunto abordado no texto abaixo: o casarão assombrado de Guaiúba, no Ceará.

No município de Guaiuba, na Região Metropolitana de Fortaleza, uma casa abandonada guarda muitos mistérios. Sons estranhos são ouvidos pelas pessoas que passam pelo local. De acordo com os moradores, a residência pertencia a uma família tradicional, que costumava enterrar os parentes no terreno, fato muito comum antigamente, principalmente entre famílias poderosas, que costumavam criar um cemitério particular próximo da própria casa.


Além das histórias de assombração que existem em relação ao casarão, muitas pessoas acreditam que até mesmo um tesouro poderia estar escondido na antiga residência construída no século XIX, e que atualmente é de propriedade de dois irmãos. O último dono que residiu na casa acabou falecendo no imóvel.

O casarão centenário, solitário, mal cuidado e hoje transformado em local de encontro de usuários de drogas, desafia o imaginário de moradores e visitantes, um enigma com muitas perguntas e poucas respostas.


A fachada externa e a disposição dos cômodos, denunciam um passado confortável, numa residência de alto padrão, estilo neo colonial, ampla, espaçosa, com dois pavimentos e vista para o Maciço de Baturité, que se desenha ao longe. No alto da construção pode-se observar uma grande cruz.

Mas é no segundo pavimento que essa regularidade é quebrada: diferente do primeiro piso, onde as divisões e usos são facilmente identificáveis, - salas, quartos, cozinha, etc, aqui essa disposição não é observada: uma infinidade de portas, janelas e corredores, curtos, baixos, com pequenas aberturas para passagem da luz e do ar; portas e tetos tão baixos, que pessoas só tem acesso, se agachados. 

Populares acreditam que aqueles pequenos cômodos, alguns com grades, eram alojamentos de escravos. Lembrando que o casarão fica numa região próxima as antigas fazendas de café que era cultivado na área do Maciço de Baturité, e de Redenção, primeira cidade a libertar seus escravos no Ceará. Porém, nenhum historiador local confirma que propriedade abrigou trabalhadores escravos.


Quem passa pela CE-060, no distrito de Água Verde, no município de Guaiúba, admira o antigo casarão e lamenta o estado em que se encontra. Mesmo com as paredes ainda conservadas, já se nota os estragos nas janelas e portas, o muro em ruínas e a vegetação que toma quase toda a estrutura.O local tem fama de mal assombrado.

Há depoimentos de quem morou por lá e diz que os “fatos sobrenaturais” ocorriam sempre à meia-noite, meio-dia e 18 horas.


O auxiliar de enfermagem Miguel Coelho que viveu lá por cerca de três meses há quatro anos atrás, tem até depoimento gravado na Rádio Rede Escola Portal da Serra do Centro de Educação, Arte e Cultura de Guaiúba.

“No primeiro mês foi tranquilo, mas a partir do segundo mês apareceram coisas estranhas como vozes de homem e mulher chamando o meu nome. Eu respondia e não aparecia ninguém”, conta. Católico, sem crer na volta de espíritos para a terra, Miguel disse que “viu um homem de seus 40 anos, por volta das seis horas da noite, passar pela casa e sumir”.

Segundo Miguel, o casarão tem uma estrutura muito forte, com paredes grossas e há túneis por dentro. “O primeiro a morar foi o seu Durval, depois foram parentes dele. Tem algo que expulsa as pessoas de lá. Dizem que os antepassados enterraram moedas de ouro e prata no local. Deve ser por causa disso que surgem essas coisas estranhas”.


Muitos moradores de Água Verde não têm coragem de entrar no casarão. Mas um dos proprietários, Waldir Cavalcante, não demonstra temor e planeja, após o término do inventário do imóvel, restaurar e ficar morando na casa.

Mesmo tendo fama de mal assombrado, a população quer que a família Cavalcante (atualmente formada pelos irmãos Waldir e Sílvia) conserve o casarão.

“Fizemos o mapa das expressões culturais de Guaiúba em 2006 com a participação de estudantes da rede pública e o casarão foi incluído”, informa o assessor de Comunicação da Prefeitura, Soriano Ribeiro da Silva.

Uma preocupação de moradores e pessoas que conhecem o casarão da Água Verde era de que o imóvel fosse destruído com o projeto de alargamento da CE-060 que será executado pelo governo estadual.

Isso porque a rodovia dá acesso ao município de Redenção onde vai funcionar, a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). Porém, segundo o Departamento de Edificações e Rodovias (DER), o casarão será poupado.

Ficará numa área de retorno. Seu Didi não sabia que o casarão seria preservado com a duplicação da rodovia estadual.

“Eu ainda não entrei em contato com o Departamento de Estradas (DER) porque estou esperando a conclusão do inventário que vai definir quem vai ficar com o casarão”.

Seu Waldir disse que será decidido entre ele e a irmã Sílvia Cavalcante. Os dois pretendem preservar e restaurar o casarão.

“Dependendo do resultado posso até voltar a ocupá-lo”, disse seu Didi.


Guaiúba fica na Região Metropolitana de Fortaleza. Tem uma população estimada em 24.091 habitantes, segundo o Censo 2010. Água Verde é um dos distritos. Os demais são: Itacima, Dourado, Baú, e São Jerônimo, além da sede.


Agradecimentos especiais ao amigo João Paulo Farias pela dica de postagem.


MATÉRIA : http://noitesinistra.blogspot.com.br/2015/04/o-casarao-assombrado-de-guaiuba-ce.html#.Vl8FhdKrTIU

segunda-feira, 8 de junho de 2015

LENDAS DE CEARÁ-MIRIM - O CARATAN


O CARATAM – MAIS UMA SANTA CRUZ DO CEARÁ-MIRIM.
Franklin Marinho Barbosa de Queiroz
O CARATAM é uma pequena Santa Cruz, localizada, geograficamente, entre as localidades de Primeira Lagoa e da Fazenda Cavalcanti, em terras que antigamente pertenceram a Vital de Oliveira Correia (um conhecido político e fazendeiro cearamirinense, filho do Major Oliveira, da Guarda Nacional, falecido em 12/11/1968).
Desconheço a origem do nome CARATAM, mas sei que foi palco de uma passagem do fabulário do Ceará-Mirim, bastante curiosa.
Havia um cidadão de idade avançada, chamado João Maria, um vaqueiro, que também era curandeiro e benzedor. Era considerado um homem de “rezas fortes”, sobretudo quando se destinava a dominar o animais domésticos enfurecidos ou desaparecidos.
O velho costumava montar uma jumenta, na qual percorria estradas, à procura de gado sumido. Quando chegava no campo, em que pastava aquela rês, fazia uma pequena fogueira em baixo de uma árvore de grande porte, nela subia e, lá de cima, ficava jogando dentro da fogueira acesa, pedacinhos de sebo de gado, fazendo produzir uma fumaça muito cheirosa. E o velho ficava a rezar, pedindo para aquela rês aparecer. Repentinamente a rês aparecia para cheirar a fumaça da fogueira e, de onde ele estava, de cima da árvore, ele laçava certeiramente o animal. Em seguida, montava a sua jumenta e, com a rês dominada, a conduzia com facilidade, como se fosse um animal doméstico.
Numa dessas viagens, à procura de rês desaparecida, o velho não voltou mais. Foi a derradeira. A sua jumenta voltou só, chegando em casa sem a montaria e sem nada.
Tempos depois, um caçador, sentindo-se muito cansado procurou uma árvore que lhe protegesse, aos pés da qual deitou-se e adormeceu. Acordou-se com uma sensação de que estava sendo puxado, foi quando ele percebeu que havia se deitado em cima de um “couro velho”, mas que, na realidade, era uma perneira de vaqueiro, onde havia, dentro dela, uma caveira. Tudo isso estava coberta de folhas, amontoadas pelo tempo. Tal fato despertou a curiosidade do o caçador que, se aprofundando nas buscas, encontrou a caveira de um cachorro e uma velha sela. Aquela era a caveira de João Maria, o vaqueiro rezador, um homem de Deus.
Deduz-se que o velho João Maria, tendo se sentido mal, deitou-se naquele local, soltando a jumenta, que na certeza dele, iria para sua casa. Mas a cadela, fiel ao amigo, ali ficou, onde morreu de fome, mas continuou fiel ao seu escudeiro.
No local onde foi encontrada a caveira do velho João Maria, foi construída uma Santa Cruz, que passou a ser palco de visitação constante, de pessoas de vários recantos do nordeste, que ali chegavam para pagar promessas feitas ao homem santo, que continuou a ajudar as pessoas humildes depois de morto, com os seus pretensos milagres – de acordo com a crendice popular.
Não conheci o velho João Maria, que viveu em outra época, conheci o Venceslau, um sobrinho e filho de criação seu, herdeiro da sua arte. Era também curandeiro, embora vivesse de fazer relho de couro de boi e também velas, feitas de sebo de gado, que vendia nas portas das casas de farinha, no interior, montado também numa velha besta. Este foi amigo de meu pai.
A Santa Cruz eu conheci e, se o tempo ou o homem não a destruiu, está lá, para corroborar mais esta estória das história de Ceará-Mirim.
Foram tempos que vivi, que de longe ficou. Vivo o Ceará-Mirim de hoje, com lembranças no passado.
Um dia ao acordar, eu disse:
Ceará-Mirim,
Não sei se te encanto ou desencanto
Mas é a ti
Que amo tanto.
Franklin Marinho é ocupante da Cadeira número 22 da ACLA