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terça-feira, 10 de maio de 2016

Ministério da Cultura lança campanha contra intolerância religiosa


O Ministério da Cultura lançou hoje (10) a campanha Filhos do Brasil. É contra a intolerância religiosa e será divulgada por meio de peças publicitárias a serem veiculadas na televisão e na Internet. A ação é uma iniciativa do Ministério da Cultura (MinC) e da Fundação Cultural Palmares.
Segundo o MinC, Filhos do Brasil, cujo embaixador é o cantor e compositor Arlindo Cruz, é uma campanha que tem como meta valorizar a diversidade religiosa e o respeito ao próximo.
O ministro da Cultura, Juca Ferreira, lembrou os atos de violência contra terreiros de candomblé e casas de umbanda: “Violência física, inclusive. A religião é um caminho para as pessoas se realizarem, terem contato com o divino. O direito à religião ou à falta de religião está previsto na Constituição. As pessoas que praticam a intolerância praticam um ato que não é permitido e é nocivo para a sociedade. É preciso estimular o respeito e coibir essa prática de intolerância.”
Agressividade
De acordo com ministro, a intolerância tem sido mais observada contra religiões de matriz africana. “É muito comum alguns líderes religiosos terem postura agressiva contra o candomblé e a umbanda. O Brasil é um país plural, com uma diversidade cultural enorme. Temos representação de praticamente todas as culturas do mundo. Com essas pessoas chegam suas culturas e religiões e a gente tem que criar um ambiente favorável de convivência pacifica e de respeito”, disse Juca.
Um dos casos que ganhou destaque no ano passado foi o da menina Kailane Campos, de 11 anos, apedrejada na saída de um culto de candomblé em junho, no Rio de Janeiro. Em novembro, um terreiro de candomblé foi incendiado no Núcleo Rural Córrego do Tamanduá, no Paranoá, Distrito Federal. O fogo começou por volta das 5h30 e destruiu o barracão da casa. Cinco pessoas dormiam na casa, mas ninguém ficou ferido.
No mês passado, a imagem do orixá Oxalá, instalada na Praça dos Orixás, foi incendiada de madrugada. Na praça, que fica na área conhecida como “Prainha”, no Lago Sul, em Brasília, há mais 15 esculturas que representam orixás do candomblé, que não foram atingidas.
Segundo o ministério, a campanha conta com um hotsite e a população poderá enviar seus próprios vídeos em defesa da liberdade de crença e pela garantia dos direitos previstos na Constituição.
Agência Brasil


Blog do BG: http://blogdobg.com.br/#ixzz48IeKKw7s

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

CULTURA: Concurso Nacional Novos Poetas. Prêmio Poesia Livre 2016


Estão abertas as inscrições para o Concurso Nacional Novos Poetas, Prêmio Poesia Livre 2016.

Podem participar do concurso todos os brasileiros natos ou naturalizados, maiores de 16 anos.

Cada candidato pode inscrever-se com até dois poemas de sua autoria, com texto em língua portuguesa.

O tema é livre, assim como o gênero lírico escolhido. Serão 250 poemas classificados.

A classificação dos poemas resultará no livro, Prêmio Poesia Livre 2016. Antologia Poética.

Concurso Literário e uma importante iniciativa de produção e distribuição cultural,

alcançando o grande público, escolas e faculdades.

Inscrições gratuitas de 05 de dezembro de 2015 a 05 de março de 2016 pelo site:www.poesialivre.com.br

Realização: Vivara Editora Nacional

Apoio Cultural: Revista Universidade

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

CULTURA EM NATAL/RN: O palco e o salão de baile do Buraco da Catita se enchem de alegria, nesta sexta-feira (6)



O palco e o salão de baile do Buraco da Catita se enchem de alegria, nesta sexta-feira (6),a partir das dez da noite, com a abertura da nova temporada do Catita no Rojão, com uma seleção que vai botar todo mundo para dançar ao som de muito forró de verdade. O Rojão especializou-se em recriar clássicos dos ritmos do nordeste com arranjos refinados e cheios de suingue. É música para cantar e dançar juntos.Além da música de festa, o grupo Rojão entremeia baiões, xotes, sambas de latada e do frevo com histórias sobre os ritmos executados e pérolas fesceninas da literatura popular nordestina. O Rojão é formado por Carlos Peru (voz e percussão), Charles Cavalcanti (voz e percussão), Ciro Pedroza (voz e violão de 7 cordas), Janilson Guanabara (percussão), José Fontes (baixo elétrico), Marcelo Tinoco (bandolim), Silvio Franco (percussão) e Thiago Araújo(sanfona).
Espaço Cultural Buraco da Catita. Trav. José Alexandre Garcia, 95 - Ribeira. (próximo à Associação Comercial). Informações e reservas: 98705 3078


FONTE - CIRO PEDROZA 

sexta-feira, 19 de junho de 2015

INTER TV VAI DESTACAR NESSE SÁBADO QUADRILHAS JUNINAS DE CEARÁ-MIRIM



E na sua cidade tem quadrilha? Esse final de semana a gente vai mostrar a arte junina dos moradores de Ceará-Mirim. 

Anota aí! É sábado, às 14h20, na InterTV RN.

terça-feira, 16 de junho de 2015

CULTURA! Arraiá Coração Junino de Pureza é campeão em Coronel Ezequiel/RN


O Arraiá Coração Junino da cidade de Pureza, coordenador pelo vereador Fabiano, fez sua estreia com pé direito, ao participar do Festival Junino na cidade de Coronel Ezequiel, região do Seridó. Ente 09  grupos que se apresentaram, inclusive, 03 da Paraíba, O Arraiá Coração Junino de Pureza conquistou o título de Campeão.

Depois de enfrentar um período bastante conturbado, mas de muita luta e raça, o Arraiá começa a ter seus frutos positivos.

ASSIS SILVA

segunda-feira, 8 de junho de 2015

LENDAS DE CEARÁ-MIRIM - O CARATAN


O CARATAM – MAIS UMA SANTA CRUZ DO CEARÁ-MIRIM.
Franklin Marinho Barbosa de Queiroz
O CARATAM é uma pequena Santa Cruz, localizada, geograficamente, entre as localidades de Primeira Lagoa e da Fazenda Cavalcanti, em terras que antigamente pertenceram a Vital de Oliveira Correia (um conhecido político e fazendeiro cearamirinense, filho do Major Oliveira, da Guarda Nacional, falecido em 12/11/1968).
Desconheço a origem do nome CARATAM, mas sei que foi palco de uma passagem do fabulário do Ceará-Mirim, bastante curiosa.
Havia um cidadão de idade avançada, chamado João Maria, um vaqueiro, que também era curandeiro e benzedor. Era considerado um homem de “rezas fortes”, sobretudo quando se destinava a dominar o animais domésticos enfurecidos ou desaparecidos.
O velho costumava montar uma jumenta, na qual percorria estradas, à procura de gado sumido. Quando chegava no campo, em que pastava aquela rês, fazia uma pequena fogueira em baixo de uma árvore de grande porte, nela subia e, lá de cima, ficava jogando dentro da fogueira acesa, pedacinhos de sebo de gado, fazendo produzir uma fumaça muito cheirosa. E o velho ficava a rezar, pedindo para aquela rês aparecer. Repentinamente a rês aparecia para cheirar a fumaça da fogueira e, de onde ele estava, de cima da árvore, ele laçava certeiramente o animal. Em seguida, montava a sua jumenta e, com a rês dominada, a conduzia com facilidade, como se fosse um animal doméstico.
Numa dessas viagens, à procura de rês desaparecida, o velho não voltou mais. Foi a derradeira. A sua jumenta voltou só, chegando em casa sem a montaria e sem nada.
Tempos depois, um caçador, sentindo-se muito cansado procurou uma árvore que lhe protegesse, aos pés da qual deitou-se e adormeceu. Acordou-se com uma sensação de que estava sendo puxado, foi quando ele percebeu que havia se deitado em cima de um “couro velho”, mas que, na realidade, era uma perneira de vaqueiro, onde havia, dentro dela, uma caveira. Tudo isso estava coberta de folhas, amontoadas pelo tempo. Tal fato despertou a curiosidade do o caçador que, se aprofundando nas buscas, encontrou a caveira de um cachorro e uma velha sela. Aquela era a caveira de João Maria, o vaqueiro rezador, um homem de Deus.
Deduz-se que o velho João Maria, tendo se sentido mal, deitou-se naquele local, soltando a jumenta, que na certeza dele, iria para sua casa. Mas a cadela, fiel ao amigo, ali ficou, onde morreu de fome, mas continuou fiel ao seu escudeiro.
No local onde foi encontrada a caveira do velho João Maria, foi construída uma Santa Cruz, que passou a ser palco de visitação constante, de pessoas de vários recantos do nordeste, que ali chegavam para pagar promessas feitas ao homem santo, que continuou a ajudar as pessoas humildes depois de morto, com os seus pretensos milagres – de acordo com a crendice popular.
Não conheci o velho João Maria, que viveu em outra época, conheci o Venceslau, um sobrinho e filho de criação seu, herdeiro da sua arte. Era também curandeiro, embora vivesse de fazer relho de couro de boi e também velas, feitas de sebo de gado, que vendia nas portas das casas de farinha, no interior, montado também numa velha besta. Este foi amigo de meu pai.
A Santa Cruz eu conheci e, se o tempo ou o homem não a destruiu, está lá, para corroborar mais esta estória das história de Ceará-Mirim.
Foram tempos que vivi, que de longe ficou. Vivo o Ceará-Mirim de hoje, com lembranças no passado.
Um dia ao acordar, eu disse:
Ceará-Mirim,
Não sei se te encanto ou desencanto
Mas é a ti
Que amo tanto.
Franklin Marinho é ocupante da Cadeira número 22 da ACLA

terça-feira, 31 de março de 2015

POEMA " PÁSCOA"

Páscoa,

Momento íntimo, introspectivo
cujo homem busca a Cristo.
Assim, é o momento de reflexão, 
de amor entre os sujeitos,
pois os sendo imperfeitos,
todos almejam o perdão,
a salvação.

Logo, é o pão, o alimento físico/químico,
que simboliza a vida,
já que buscamos a essência,
bem como a explicação de "tudo".

Páscoa, é o encontro dos valores,
que nos fortificam, senão também os evitam,
da tentação do pecado!
Logo, é a ressurreição de Cristo,
que nos dou a vida,
aos súditos queridos/sofridos.

Assim sendo, faz jus ver, entender,
crê que os caminhos são longos,
árduos,espinhosos,
para que se consiga a graça divina!

Manoel Guilherme de Freitas. professor /poeta.

quarta-feira, 25 de março de 2015

ENGENHO VERDE NASCE


Cerca de ferro fabricada na Inglaterra
O ENGENHO VERDE NASCE E A CASA GRANDE

O Engenho Verde Nasce foi fundado em pleno período da aristocracia canavieira, pelo Dr. Victor José de Castro Barroca, primeiro juiz municipal de Ceará-Mirim, nascido aos 15 de junho de 1820, o Dr. Victor era filho de José Joaquim de Castro Barroca e de D. Joaquina Maria do Sacramento. Bacharelou-se pela Faculdade de Direito de Olinda, turma de 1844. Além de juiz municipal de Ceará-Mirim, foi ele deputado provincial, no período de 1846 à 1851. Seus filhos estudaram na Inglaterra e na França, como era comum aos aristocratas da época, que mandavam os filhos estudar na Europa. Dr. Barroca faleceu em Ceará-Mirim, no dia 29 de outubro de 1881.
Nilo Pereira, neto materno do Dr. Victor José de Castro Barroca, é outro ilustre norte-rio-grandense que nasceu na casa grande do engenho Verde Nasce. No seu livro “Imagens do Ceará-Mirim”, Nilo Pereira descreve: “Do Verde Nasce, cuja casa-grande está longe de ter grandeza e a significação de outras... saí nos braços de minha mãe, aos três meses de idade. O engenho já não era mais nosso”.
Victor Jose de Castro Barroca

O Verde Nasce era o refúgio do Dr. Barroca e o local onde ele costumara receber os seus amigos, entre eles o deputado Tarquínio Bráulio de Souza Amarantho, professor da Faculdade de Direito do Recife, jornalista e jurista, que em várias oportunidades visitou o Verde Nasce.
Marcelo de Castro Barroca, filho de Victor José, estudou na Inglaterra. Lá, apaixonou-se por Emma, moça da religião Anglicana. Casaram-se, vindo residir no Verde Nasce. Uma fatalidade afastou o casal: Emma Barroca, acometida de uma febre, faleceu ainda jovem, em 1881, antes mesmo de completar 30 anos de vida.
Em se tratando de uma moça protestante, Emma Barroca foi impedida de ter sepultura eclesiástica. Em face desse impedimento, Marcelo sepultou a esposa na colina do Verde Nasce.
Sua lapide encontra-se até hoje guardada com Herbert Júnior, no engenho.
O Engenho Verde Nasce continua de fogo aceso, produzindo açúcar bruto e mel. Apresenta uma particularidade que o classifica como representante, no vale do Ceará-Mirim, dos benefícios oferecidos pela revolução industrial: é a cerca que limita a propriedade, toda ela confeccionada de ferro fundido, com um portão de acesso peculiar, que evitar a passagem de animais.
A casa-grande do engenho, edificada no século passado, foi demolida. Como afirma Nilo Pereira, está longe da grandeza de outras congêneres, porém, possui ela um significado valor histórico: foi ali que muito se batalhou pela economia canavieira do vale, em época de crise e nos momentos de desespero, quando a seca desafiava a população e a integridade do vale.
A Casa-Grande apresentava partido de planta retangular desenvolvido em um único pavimento. As técnicas utilizadas na sua edificação foram bastante primitivas. A casa é desprovida de ornatos e de requintes comuns às casas-grandes dos Senhores-de-Engenho. Aquela casa apresenta características similares às edificações da região do Seridó: possuía alpendre frontal e sistema de cobertura, em telhado de duas águas, que dispensa consequentemente o emprego de calhas e de qualquer outro sistema de captação e condução das águas pluviais.
A cobertura da casa apóia-se no alpendre, em colunas de alvenaria, provavelmente substituindo as colunas originais, que geralmente eram confeccionadas de madeira. A fachada principal apresenta, além do alpendre, uma porta central de aceso ladeada por seis janelas, todas elas em vãos de vergas retas.
A casa-grande do engenho Verde Nasce, apesar de implantada na zona rural, possuía uma forte vinculação com a cidade de Ceará-Mirim, devido à pequena distância existente e, sobretudo, pelo fato de desenvolver uma atividade econômica que a caracteriza como participante da vida urbana.
Atualmente o Engenho Verde Nasce pertence aos herdeiros de Herbert Dantas. Apesar da casa-grande ter sido tombada a nível estadual desde 22 de dezembro de 1989, foi demolida.

FONTE - GIBSON MACHADO




TEATRO ALBERTO MARANHÃO 111 ANOS DE HISTÓRIA


O teatro que é um monumento tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Rio Grande do Norte, foi projetado pelo engenheiroJosé de Berredo e teve suas obras inciadas em 1898, sob a direção domajor Teodósio Paiva. Foi inaugurado no ano de 1904, sendo que na época, o teatro era denominado Carlos Gomes.
No segundo Governo de Alberto Maranhão, o teatro fechou para a realização de uma reforma, sendo reinaugurado pela "Gran-Campañía Española de Zarzuela, Òpera y Opereta Pablo López", em 19 de julho de 1912, com a opereta “Princesa dos dólares” de Leo Fall.
Em 1957, o prefeito de Natal Djalma Maranhão, mudou a sua denominação para Teatro Alberto Maranhão. Em 1959 teve nova reforma, sendo reaberto em 24 de março de 1960.
A Fundação José Augusto, iniciou uma nova reforma em junho de 1988, incluindo camarins, salão nobre, jardim, plateia e palco, buscando restaurá-lo sob supervisão técnica da Coordenadoria do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado. Em 2004, a ocasião do seu centenário, mais uma reforma foi feita focada na acessibilidade, revitalização e climatização do espaço.
TEXTO - WIKIPEDIA




terça-feira, 24 de março de 2015

A ESCRAVIDÃO NO VALE DO CEARÁ-MIRIM


A partir do século XV, na “Era dos Descobrimentos”, o conjunto territorial que futuramente formaria o Brasil foi transformado em colônia de Portugal. Tal empreendimento foi realizado através de uma política mercantilista, baseada no trabalho escravo, principalmente de negros africanos, traficados em navios tumbeiros que, pelos portos de Salvador, Recife e Rio de Janeiro, eram comercializados para o trabalho nos engenhos do Nordeste.
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/conjuracao-baiana/imagens/cconjur13.jpg

No Rio Grande do Norte, a vinda de escravos teve início no século XVI, porém foi somente durante o século XIX que houve o aumento de sua presença, em razão da ampliação da produção açucareira na Província. Os cativos, então provenientes do Maranhão, eram desembarcados em Mossoró, Areia Branca e Macau, e vendidos aos grandes centros produtores de açúcar, os municípios de Ceará-Mirim, São José de Mipibu, Goianinha e Canguaretama.
Em meados do século XIX, Ceará-Mirim despontou como um importante centro da monocultura canavieira. A fertilidade das terras do vale do Rio Ceará-Mirim proporcionou a instalação de mais de cinquenta engenhos. Como consequência, a mão-de-obra escrava negra utilizada foi significativa, girando em torno de 3 mil escravos, sendo a maioria de origem angolana. Somente o Coronel Manuel Varela do Nascimento - Barão do Ceará-Mirim - proprietário do antigo Engenho São Francisco, fundado em 1857, chegou a possuir mais de 200 escravos, tratados com severidade.

A boa ou má fama do senhor era conferida aos senhores de engenho de acordo com os castigos aplicados à escravaria. As obras sobre a história de Ceará-Mirim, escritas com base em memórias, retratam a vida dos Engenhos Oitero, Verde Nasce e Timbó. O Tenente-coronel José Antunes de Oliveira e Victor de Castro Barroca, proprietários dos dois primeiros engenhos, ficaram conhecidos como senhores que mantinham relações amenas com os escravos, em especial os domésticos.
O Engenho Timbó, que pertenceu a Zumba, era visto como destino final de todo negro “ruim”, que porventura existisse nos demais engenhos do vale e redondezas. A ameaça de venda pelos senhores àquele local evidenciava o rigor indiscriminado no tratamento dispensado aos cativos da casa-grande e do eito. Tormentos e sofrimentos foram as características que marcaram o lugar e que repercutiram no imaginário popular, criando lendas e perpetuando ao longo do tempo a imagem negativa da crueldade de seus proprietários.
Durante a segunda metade do século XIX, o contingente de escravos negros foi declinando no município. Em 1855 eram apenas 1.126, pois com a Lei Eusébio de Queiroz, de 1850, proibiu-se o tráfico negreiro. Outro motivo foi a grande seca de 1877, que em todo o Rio Grande do Norte obrigou muitos senhores a venderem seus escravos para outras províncias. Por fim, com a campanha abolicionista, a partir da década de 1880, o número de negros em Ceará-Mirim, segundo dados da Sociedade Libertadora Norte Rio-Grandense de 30 de junho de 1884, era somente de 777, caindo para 201, às vésperas da abolição, de acordo com o boletim número 08, de 15 de abril de 1888.

Em Ceará-Mirim, a luta pelo fim da escravidão teve início em 05 de fevereiro de 1888, com a fundação da Sociedade Libertadora de Ceará-Mirim, por Francisco Sales de Meira e Sá. A propaganda em favor da abolição antecipou a libertação de alguns escravos, fato registrado na publicação quinzenal número 06, de 18 de março de 1888 da Sociedade Libertadora Norte Rio-Grandense, que noticiava a entrega da carta de liberdade, por Bernarda Varela Dantas – Baronesa do Ceará-Mirim – e por Alexandre Varela do Nascimento, seu filho, aos seus 18 últimos escravos.
O empenho das sociedades libertadoras apenas reforçou a longa resistência negra ao trabalho forçado. Em Ceará-Mirim isso aconteceu através das fugas dos escravos dos engenhos, que conquistaram a liberdade formando as comunidades de Coqueiros e Primeira Lagoa, antes de ocorrer a alforria geral de 13 de maio de 1888.

Wellington Márcio Bezerra de Lima
Artigo contido no livro “Ceará-Mirim Tradição, Engenho e Arte”, uma publicação conjunta do Sebrae, UFRN, Prefeitura Municipal de Ceará-Mirim - 2005.

segunda-feira, 23 de março de 2015

A FEIRA LIVRE DE CEARÁ-MIRIM/RN

A FEIRA LIVRE


Domingo era dia de folia. Ou não. Poderia ser no Sábado. Eram as usinas que decidiam se seria a Sexta-feira ou o Sábado o dia do pagamento. Em decorrência de tal decisão, a feira só poderia ocorrer no dia subseqüente ao do pagamento, no Sábado ou no Domingo. E era na feira onde começava a folia, numa das inúmeras “bancas” ao ar livre, na “quadra” do mercado, ou nos “locais”, dentro do prédio público. O freguês tomava uma e outras e voltava feliz para casa, sem pensar na segunda-feira seguinte.
O prédio do mercado público da cidade foi construído pelo coronel Onofre José Soares, pai do “major” Onofre Soares Junior, que obtivera concessão do então governo provincial para explorá-lo durante vinte anos. Foi inaugurado em 1881 com manifestações de desagrado por parte do povo, rezam as crônicas, tendo em vista uma postura municipal haver determinado a mudança da feira que tradicionalmente se realizava na rua Grande, para as dependências do novo prédio. Mesmo sob o protesto, a feira, então, passou a ser realizada inicialmente dentro do prédio e depois, em torno dele.
A feira era, e ainda é, uma instituição sócio-econômica da maior importância, sobremodo nos anos cinquenta.
Todas as ruas convergem para o “quadro” do mercado e de lá saem para o interior, num incessante ir e vir de caminhões, cavalos, burros, carroças e bicicletas. O mercado público é como uma gigantesca centopéia que oferece os seus membros a uma comunidade de formigas.
O mercado é também uma central de informações, das mais triviais – quem chegou e quem partiu ou os últimos boatos da cidade – até as mais importantes, como o resultado do jogo do bicho, o preço da tonelada de cana e as cotações de feijão, do milho, da mandioca e da farinha.
As feiras realizavam-se aos sábados, mas todos os dias os feirantes permanentes – pequenos comerciantes que não tinham um “ponto” para negociar – armavam as suas barracas estimulando a freguesia com pregões cantados ou versejados.
Do burburinho dos feirantes, destacavam-se dois setores do comércio: os vendedores de ‘mangaio’ e os curandeiros com seus remédios milagrosos, aliás, extensões do mesmo ramo de negócios. Os ‘mangaieiros’ trabalhavam com ervas, raízes e pedras, cada produto com a sua indicação terapêutica peculiar, alguns com diversificadas panacéia. A maioria dos curandeiros era composta por charlatões. Aqui e ali, muito esporadicamente, identificava-se um produto com cura atestada pela tradição, diferentemente dos mangaieiros, referenciados pelos hábitos da população pobre e por remotíssima tradição oral. Os curandeiros trabalhavam com componentes fantásticos, taticamente escolhidos para criar ilusões nos adquirentes: óleo de boto, para aumentar a virilidade; barbatana de cação, para dar força e valentia; gordura de ‘peba’ para fechar o corpo contra as ‘mulestas’. Até o caldo da ‘xamexuga’ já foi oferecido para impaludismo, por aí se veja...
Dentro do mercado ficavam os ‘locais’. Eram boxes mantidos por inúmeras gerações da mesma família, que mantinham fiéis à venda de determinados produtos, comercializados apenas no mercado: artigos de couro, cipó, palha, flandres e certo tipo de miudezas. E também as comidas prediletas dos feirantes: caldo de cana, bolo preto, da moça, de macaxeira, de batata e de mandioca; prato-feito de almoço com carne de sol, feijão e farinha de mandioca, com direito a umas colheradas de paçoca e a um pouquinho de torresmo; café da manhã farto; xícara grande de café-com-leite, cuscuz com ovos, macaxeira, queijo do sertão, tapioca e pão com manteiga.
A relação dos produtos vendidos encheria muitas folhas de papel almaço. Chapéu de couro, rebenque, botinas e alpercatas de couro cru, sela e arreios, cangalhas, peneiras, raladores de coco, coadores, cuscuzeiros, chaleiras, candeeiros e lamparinas, penicos, bruxas de pano, mochilas, chapéus e esteiras de palha trançada, cachimbo, fumo de corda e fumo caipira para cigarros, esculturas de barro (boi, vaqueiro, cavalo, farinhada, forró, casamento, cantoria...) quadros emoldurados com figuras de santos, espingardas de soca, facões e peixeiras, bainhas, redes de dormir e de pescar, malas de madeira (maletas e malotas), caçuás de cipó, espelhinhos redondos e ovais, pavios para os candeeiros, canivetes de ‘gilete’, livrinhos de cordel, cintos e cinturões, copos e xícaras de alumínio, brinquedos toscos de madeira, destacando-se o boneco pulador e o “João redondo”. Que ninguém possa esquecer dos barulhentos rói-róis.
A praça do mercado era o centro comercial da cidade, fato que não incomodava nem preocupava os renitentes proprietários de casas residenciais. Os mesmos permitiam a utilização dos quintais como guardadouros de animais e de gêneros. Punham grandes jarras de barro nos alpendres como depósito d´água para serventia da sede dos feirantes. A hospitalidade aos interioranos era praxe na cidade, mas não havia promiscuidade. Cada família ou região contava com casas determinadas. Aquelas cujos proprietários tinham fazendas nas regiões dos hóspedes, ou suas empregadas tinham ligações familiares, ou eram agregados políticos ou afilhados. Esses apresentavam outros, que iam se incorporando à hospedaria. A obrigação dos hospedeiros era a de oferecer sombra, água e depósito. Um desses proprietários tinha um caminhão de três boléias, denominado ‘misto’, exatamente porque transportava passageiros e cargas, que tinha a concessão da linha que margeava a ribeira do vale.
O quadro do mercado era uma só festa de confraternização, alegria e muita conversa arrastada dos homens e a animada boataria das mulheres, que nem parecia que tinham se encontrado no dia anterior. Era uma profusão de cores, sons e cheiros. Muita gente descalça, ou calçando chinelas e alpercatas. Raros de botinas, mais raros ainda de sapatos. Muita gente de chapéu de palha, inclusive algumas mulheres. Poucos de chapéus de couro. Mais raros, ainda, de chapéus de massa. Calças caqui com camisas de algodãozinho e vestidos de chita. Cheiro estonteante e suor, cachaça, água de cheiro, banha nas carapinhas, colorau, dendê, peixe de sal preso, esterco e urina de animais, sarapatel, buchada e torresmo, couro cru, goiaba, manga e tempero verde.
A feira era uma festa, mesmo que não fosse, mesmo que não quisesse, mesmo que não pudesse. Os cantadores atraíam o público fervoroso, aboletados em tamboretes, apoiados nas mesas dos bares, com os violões a tiracolo. Os vendedores de cordel amplificavam os versos dos autores em engenhosos cones de folha de flandres colados à boca. A banha de porco, além da natural serventia para os assados triviais e as frituras, era anunciada também para esticar o cabelo e ser usada como lubrificante pelos noivos.
Os políticos andavam prá lá e prá cá, exibindo-se para o eleitorado do interior. Ora pagavam uma ‘chamada’ de cana para um grupo, ora presenteavam as mulheres e os velhos com ‘santinhos’ de padre Cícero e Frei Damião. Dependendo, davam panos e água de cheiro às matriarcas. Quanto maior a família, mais valioso o presente. Se estivesse pertinho das eleições punham uma chapinha com o nome dos candidatos dentro do embrulho do presente.
A hora de voltar era a hora de voltar, marcada pelo excesso de cachaça, pelo cansaço, por algum mal acontecido ou pelo prenúncio da escuridão. Então, era hora de selar e arrear os cavalos, tirar o sapato apertado, ou embarcar nos carros de boi e carroças, ou nas carrocerias dos caminhões e voltar ao assunto para mais uma semana.
Na feira ainda ficariam os desempregados e os mendigos, catadores de restos de alimentos ou que barganhavam os refugos dos vendedores. Um deles recolhia os restos do chão, quando pechinchava as miuçalhas dos feirantes, para fazer o “caldo da ressaca”, também chamado “caldo da caridade”, uma mistura de verduras, ossos e “péia” de carnes que levantava até defunto.

AUTOR - Pedro Simões Neto

quarta-feira, 18 de março de 2015

ANTIGA RUA DA AURORA (HOJE HERÁCLIO VILLAR)


ANTIGA RUA DA AURORA

"O centro da vida da cidade, entretanto, era a Rua da Aurora, onde o café de Jorge Moura, o cinema Rialto e o Café Central se constituíam as atrações diárias de toda a gente.

A Rua da Aurora era o lugar de todas as concentrações, sobretudo as carnavalescas.

Não tendo ainda recebido o tratamento do progresso, a pavimentação não alcançara a Rua da Aurora e frondosos pés de fícus benjamim, imunes a quaisquer lacerdinhas, davam um verde colorido de esperança à festejada rua..."

(Vultos, fatos e saudades - Inácio Cavalcanti).

GIBSON MACHADO

terça-feira, 17 de março de 2015

INFORME DA ACADEMIA CEARAMIRINENSE DE LETRAS E ARTES



COMUNICAÇÃO DE VAGA - 2a e última publicação

A ACLA comunica a existência de 3 (três) Cadeiras vagas nesta Academia, a saber: 
Cadeira número 6 – Patrono José Augusto Meira Dantas;
Cadeira número 20 – Patrono Francisco de Salles Meira e Sá; e
Cadeira número 21 – Patrono Ana Augusta da Fonseca Varela,
Estas Cadeiras deverão ser preenchidas de conformidade com o que determina o Estatuto Social, através do artigo 5, II, 6 e 9 e seus parágrafos, que ora transcrevemos.
“Art. 5 - Os sócios da Academia Ceará-Mirinense de Letras e Artes “Pedro Simões Neto”-ACLA são de cinco categorias, a saber:
I - ...............
II - EFETIVOS, os que preencherem os seguintes pré-requisitos para a admissão:
a) ser ceará-mirinense nato ou gozar de cidadania do município por título outorgado pela Câmara Municipal ou, ainda, ter ligações afetivas e/ou profissionais com o Município;
b) ter publicado ou desenvolvido trabalho de notório valor cultural nos campos da literatura, da história, das artes ou das ciências, a juízo da Comissão de Análise de Candidatos;
..............
Art. 6 - Os sócios EFETIVOS [...] serão admitidos mediante proposta subscrita por dois outros sócios fundadores e/ou efetivos, ou a pedido do próprio interessado, aprovada pela Diretoria e submetida à Assembleia Geral; [...]
Parágrafo único - Na hipótese de ser a indicação proposta e subscrita por dois outros sócios fundadores e/ou efetivos deverá receber a aquiescência do candidato.
Art. 9 - As vagas de membros EFETIVOS que vierem a ocorrer serão preenchidas mediante escrutínio secreto, em sessão especialmente convocada, no mínimo, noventa dias após a declaração da vacância.
§ 1° - A eleição processar-se-á pelo Regimento Interno da Academia, devidamente aprovado em Assembleia Geral.
§ 2° - A inscrição do candidato será feita em documento por ele assinado, acompanhado de comprovação do preenchimento dos requisitos de que trata o art. 6º.
§ 3° - Considerar-se-á eleito o candidato que obtiver a maioria absoluta dos votos dados, pessoalmente ou por correspondência, pelos membros da Academia.”

Caso alguém, que preencha os requisitos preconizados pelo Estatuto Social da ACLA e tenha interesse em ocupar uma Cadeira vaga, que oficialize a sua pretensão, na forma prevista através dos dispositivos legais referidos, dentro do prazo de 30 dias, contados a partir da data desta publicação, feita no dia dez e hoje, dia doze do mês de março do ano de dois mil e quinze.

quinta-feira, 12 de março de 2015

CEARÁ-MIRIM MEU AMOR



Ceará-Mirim não é apenas uma cidade perdida no meio do canavial. Não, tem história, tem vida vivida no sentimento de seus filhos, legítimos e adotados. Que vivem aqui ou distante da "Pátria Minha Amada". E para justificar o que digo, esta bela homenagem à província baquipeana, obra poética da  amiga/poeta Mariza Roque. A autora é filha de Seu José Roque, antigo morador da rua da Estação, proprietário do Hotel Central, famoso por seus doces, tarecos, etc.

CEARA-MIRIM MEU AMOR
Mariza Roque da Fonseca*

Ceará-Mirim
tem "um que".
Um encantamento
que  traz os seus filhos
presos as suas raízes.

É o verde do vale,
o  doce da rapadura
ou  serão os seus poetas
que em Prosa e Verso
contam os seus lamentos?

A saudade dos seus lares,
os seus laços de família,
o cheiro da terra fértil,
o Rio Ceará-Mirim,
os olheiros borbulhantes?

O trem de ferro, os jasmins,
os Manacás da Sinhazinha,
o seu belo por do sol,
a rua Grande, os Engenhos?
Saudades que não tem fim!

O Colégio Santa Águeda
das freirinhas franciscanas
que ensinou suas filhas
com carinho e muito esmero
a ser mulheres do bem?

A linda igreja Matriz.
A Senhora padroeira,
da Conceição de outrora,
abençoa os seus filhos
do alto de sua glória.

Mesmo quem veio de fora
ama a cidade que mora
e lhe oferece seus filhos,
seu trabalho, sua vida.
Torna-se filho também!

Permanece para sempre
e ainda que vá embora,
não esquece os que ficaram,
leva consigo a lembrança
do tempo que aqui passou.

Sente falta da cidade,
dos amores que deixou,
chora a dor da saudade,
sente alhures seu perfume,
Ceará-Mirim meu amor!

Ceará-Mirim de hoje
é uma cidade moderna.
Encanta os visitantes,
com um jeito de província
que a torna mais charmosa.

Renovou-se o que era velho
e se fez obras modernas.
Os casarões do passado
e as casas novas de hoje
enfeitam Ceará-Mirim.

Dão-lhe ares de princesa.
É uma cidade mulher
que pariu filhos ilustres:             
artistas, poetas,  escritores.
professores e doutores.

Tem uma vida dinâmica
de trabalho e de lazer.
Na saúde e educação
atende bem os seus filhos,
os incentiva a crescer.

Os que quiseram estudar,
ter curso superior,
deslocando-se para Natal
conseguiram seus diplomas.
São bons profissionais.

Médicos, dentistas,
engenheiros, advogados,
e tantas mais profissões.
Músicos e artesãos
também na terra florescem.

Mãe de autores famosos
ela se orgulha de ser.            
Mesmo os que já se foram,
através dos seus escritos,
permanecem em seu viver.

Fazem parte da cidade,
são imortais literatos,
não nos deixam esquecer     
como é bom ser seu filho
e do seu ventre nascer.

Nascer em Ceará-Mirim
ou viver à sua sombra,
é honra que nos orgulha.
Em Ceará-Mirim morrer,
há de ser uma ventura!

* Professora e Pesquisadora de Botânica (AP) da UFRN.
Natal, 23 de Novembro de 2008.

FONTE - GIBSON MACHADO