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sexta-feira, 29 de maio de 2015

UM POEMA DE AMARILDO - DECLARAÇÃO DOS BENS DO POETA


Ofertamos hoje poesia. Um poema de AMARILDO, grande poeta e músico da cidade, desaparecido prematuramente e hoje tornado patrono da Cadeira número 28 da Academia Cearamirinense de Letras e Artes "Pedro Simões Neto", ocupada por Joana D'Arc Arruda Câmara.
DECLARAÇÃO DOS BENS DO POETA
Meritíssimo e insigne juiz
Eu, Manoel Fabrício de Souza
por cognominado
Brasileiro, solteiro, pobre e feliz,
Sob as penas da lei e para os fins legais
Declaro, que, desde que nasci
Resido e fui criado,
(já que alguém mais alto assim dispôs)
No mesmo domicílio abaixo informado:
Travessa Meira e Sá, Sessenta e Dois.
Quanto a bens chamados de raiz
Ou quaisquer outros que possam ser herdados
Pela última avaliação que eu fiz
São muito poucos e aqui descriminados:
Um guarda-roupa já bastante usado
Envergonhado de conter um vestuário escasso;
Um par de tênis, um de sapatos
Ambos velhos e cansados
De me acompanhar e me levar em cada passo;
Declaro, mais, que sendo pobre de ambições
Embora assaz rico em fantasia
Deixo ao morrer um punhado de canções
E uns poucos versos muito mal rimados
Que reluto em chamar de poesia;
Declaro enfim ter muitos amigos
De diversos matizes sociais
Entre os quais incluo um fiel e dedicado:
Um instrumento musical, meu violão
Pelo Paulinho da Viola, autografado.
Cumpridas, pois, as disposições
Que são a “Praxis” das resoluções
Que normatizam os pleitos eleitorais
Respeitosamente, sem ódio, sem inveja
Sem desgosto
Assino-me, ratificando o que acima foi exposto:
É só isto o que possuo
Apenas isto e nada mais.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

BARÃO E BARONESA PRESTIGIAM EVENTO DA ACADEMIA DE LETRAS DE CEARÁ-MIRIM





Em sessão solene, realizada ontem, esta Academia deu posse a 3 novos acadêmicos. A cerimônia, bastante concorrida, realizou-se na Estação Cultural Prefeito Roberto Pereira Varela e diplomou 3 novos imortais,que fizeram as suas apresentações através de belos discursos, posteriormente publicados nesta página. .
GERINALDO MOURA DA SILVA é bacharel em História, com pós-graduação em História da Cultura e especialização em Educação Ambiental. Tem vasta experiência como professor, diretor escolar e como organizador de eventos culturais. É notoriamente uma pessoa ligada à cultura cearamirinense e um estudioso das tradições do vale verde.
GUSTAVO LEITE SOBRAL é advogado, jornalista e mestre em estudos da mídia. Autor de vários livros e com co-participação em vários outros. Em diversos trabalhos sempre demonstra suas origens cearamirinenses, suas ligações telúricas e afetivas com esta terra. É uma revelação em meio ao universo de jovens intelectuais norte-riograndenses, com vasta produção intelectual.
JOSÉ EDUARDO VILAR CUNHA é físico, engenheiro-civil, jornalista e bacharel em direito, com especialização, mestrado e doutorado na área de engenharia. É poliglota, professor universitário e escritor com vários livros publicados. Tem origem familiar no Ceará-Mirim, terra a que se sente ligado afetivamente. É defensor de um denso Curriculum acadêmico.


terça-feira, 5 de maio de 2015

ACADEMIA CEARAMIRINENSE DE LETRA REALIZA CERIMÔNIA DE POSSE PARA NOVOS MEMBROS



A Academia Cearamirinense de Letras e Artes "Pedro Simões Neto" - ACLA convida todos os cearamirinenses, em especial os seus amigos, aqui neste Facebook, para a cerimônia de Posse dos novos Acadêmicos, que ocorrerá hoje, às 19:00 horas, na Estação Cultural Prefeito Roberto Pereira Varela.

segunda-feira, 23 de março de 2015

A FEIRA LIVRE DE CEARÁ-MIRIM/RN

A FEIRA LIVRE


Domingo era dia de folia. Ou não. Poderia ser no Sábado. Eram as usinas que decidiam se seria a Sexta-feira ou o Sábado o dia do pagamento. Em decorrência de tal decisão, a feira só poderia ocorrer no dia subseqüente ao do pagamento, no Sábado ou no Domingo. E era na feira onde começava a folia, numa das inúmeras “bancas” ao ar livre, na “quadra” do mercado, ou nos “locais”, dentro do prédio público. O freguês tomava uma e outras e voltava feliz para casa, sem pensar na segunda-feira seguinte.
O prédio do mercado público da cidade foi construído pelo coronel Onofre José Soares, pai do “major” Onofre Soares Junior, que obtivera concessão do então governo provincial para explorá-lo durante vinte anos. Foi inaugurado em 1881 com manifestações de desagrado por parte do povo, rezam as crônicas, tendo em vista uma postura municipal haver determinado a mudança da feira que tradicionalmente se realizava na rua Grande, para as dependências do novo prédio. Mesmo sob o protesto, a feira, então, passou a ser realizada inicialmente dentro do prédio e depois, em torno dele.
A feira era, e ainda é, uma instituição sócio-econômica da maior importância, sobremodo nos anos cinquenta.
Todas as ruas convergem para o “quadro” do mercado e de lá saem para o interior, num incessante ir e vir de caminhões, cavalos, burros, carroças e bicicletas. O mercado público é como uma gigantesca centopéia que oferece os seus membros a uma comunidade de formigas.
O mercado é também uma central de informações, das mais triviais – quem chegou e quem partiu ou os últimos boatos da cidade – até as mais importantes, como o resultado do jogo do bicho, o preço da tonelada de cana e as cotações de feijão, do milho, da mandioca e da farinha.
As feiras realizavam-se aos sábados, mas todos os dias os feirantes permanentes – pequenos comerciantes que não tinham um “ponto” para negociar – armavam as suas barracas estimulando a freguesia com pregões cantados ou versejados.
Do burburinho dos feirantes, destacavam-se dois setores do comércio: os vendedores de ‘mangaio’ e os curandeiros com seus remédios milagrosos, aliás, extensões do mesmo ramo de negócios. Os ‘mangaieiros’ trabalhavam com ervas, raízes e pedras, cada produto com a sua indicação terapêutica peculiar, alguns com diversificadas panacéia. A maioria dos curandeiros era composta por charlatões. Aqui e ali, muito esporadicamente, identificava-se um produto com cura atestada pela tradição, diferentemente dos mangaieiros, referenciados pelos hábitos da população pobre e por remotíssima tradição oral. Os curandeiros trabalhavam com componentes fantásticos, taticamente escolhidos para criar ilusões nos adquirentes: óleo de boto, para aumentar a virilidade; barbatana de cação, para dar força e valentia; gordura de ‘peba’ para fechar o corpo contra as ‘mulestas’. Até o caldo da ‘xamexuga’ já foi oferecido para impaludismo, por aí se veja...
Dentro do mercado ficavam os ‘locais’. Eram boxes mantidos por inúmeras gerações da mesma família, que mantinham fiéis à venda de determinados produtos, comercializados apenas no mercado: artigos de couro, cipó, palha, flandres e certo tipo de miudezas. E também as comidas prediletas dos feirantes: caldo de cana, bolo preto, da moça, de macaxeira, de batata e de mandioca; prato-feito de almoço com carne de sol, feijão e farinha de mandioca, com direito a umas colheradas de paçoca e a um pouquinho de torresmo; café da manhã farto; xícara grande de café-com-leite, cuscuz com ovos, macaxeira, queijo do sertão, tapioca e pão com manteiga.
A relação dos produtos vendidos encheria muitas folhas de papel almaço. Chapéu de couro, rebenque, botinas e alpercatas de couro cru, sela e arreios, cangalhas, peneiras, raladores de coco, coadores, cuscuzeiros, chaleiras, candeeiros e lamparinas, penicos, bruxas de pano, mochilas, chapéus e esteiras de palha trançada, cachimbo, fumo de corda e fumo caipira para cigarros, esculturas de barro (boi, vaqueiro, cavalo, farinhada, forró, casamento, cantoria...) quadros emoldurados com figuras de santos, espingardas de soca, facões e peixeiras, bainhas, redes de dormir e de pescar, malas de madeira (maletas e malotas), caçuás de cipó, espelhinhos redondos e ovais, pavios para os candeeiros, canivetes de ‘gilete’, livrinhos de cordel, cintos e cinturões, copos e xícaras de alumínio, brinquedos toscos de madeira, destacando-se o boneco pulador e o “João redondo”. Que ninguém possa esquecer dos barulhentos rói-róis.
A praça do mercado era o centro comercial da cidade, fato que não incomodava nem preocupava os renitentes proprietários de casas residenciais. Os mesmos permitiam a utilização dos quintais como guardadouros de animais e de gêneros. Punham grandes jarras de barro nos alpendres como depósito d´água para serventia da sede dos feirantes. A hospitalidade aos interioranos era praxe na cidade, mas não havia promiscuidade. Cada família ou região contava com casas determinadas. Aquelas cujos proprietários tinham fazendas nas regiões dos hóspedes, ou suas empregadas tinham ligações familiares, ou eram agregados políticos ou afilhados. Esses apresentavam outros, que iam se incorporando à hospedaria. A obrigação dos hospedeiros era a de oferecer sombra, água e depósito. Um desses proprietários tinha um caminhão de três boléias, denominado ‘misto’, exatamente porque transportava passageiros e cargas, que tinha a concessão da linha que margeava a ribeira do vale.
O quadro do mercado era uma só festa de confraternização, alegria e muita conversa arrastada dos homens e a animada boataria das mulheres, que nem parecia que tinham se encontrado no dia anterior. Era uma profusão de cores, sons e cheiros. Muita gente descalça, ou calçando chinelas e alpercatas. Raros de botinas, mais raros ainda de sapatos. Muita gente de chapéu de palha, inclusive algumas mulheres. Poucos de chapéus de couro. Mais raros, ainda, de chapéus de massa. Calças caqui com camisas de algodãozinho e vestidos de chita. Cheiro estonteante e suor, cachaça, água de cheiro, banha nas carapinhas, colorau, dendê, peixe de sal preso, esterco e urina de animais, sarapatel, buchada e torresmo, couro cru, goiaba, manga e tempero verde.
A feira era uma festa, mesmo que não fosse, mesmo que não quisesse, mesmo que não pudesse. Os cantadores atraíam o público fervoroso, aboletados em tamboretes, apoiados nas mesas dos bares, com os violões a tiracolo. Os vendedores de cordel amplificavam os versos dos autores em engenhosos cones de folha de flandres colados à boca. A banha de porco, além da natural serventia para os assados triviais e as frituras, era anunciada também para esticar o cabelo e ser usada como lubrificante pelos noivos.
Os políticos andavam prá lá e prá cá, exibindo-se para o eleitorado do interior. Ora pagavam uma ‘chamada’ de cana para um grupo, ora presenteavam as mulheres e os velhos com ‘santinhos’ de padre Cícero e Frei Damião. Dependendo, davam panos e água de cheiro às matriarcas. Quanto maior a família, mais valioso o presente. Se estivesse pertinho das eleições punham uma chapinha com o nome dos candidatos dentro do embrulho do presente.
A hora de voltar era a hora de voltar, marcada pelo excesso de cachaça, pelo cansaço, por algum mal acontecido ou pelo prenúncio da escuridão. Então, era hora de selar e arrear os cavalos, tirar o sapato apertado, ou embarcar nos carros de boi e carroças, ou nas carrocerias dos caminhões e voltar ao assunto para mais uma semana.
Na feira ainda ficariam os desempregados e os mendigos, catadores de restos de alimentos ou que barganhavam os refugos dos vendedores. Um deles recolhia os restos do chão, quando pechinchava as miuçalhas dos feirantes, para fazer o “caldo da ressaca”, também chamado “caldo da caridade”, uma mistura de verduras, ossos e “péia” de carnes que levantava até defunto.

AUTOR - Pedro Simões Neto

terça-feira, 17 de março de 2015

INFORME DA ACADEMIA CEARAMIRINENSE DE LETRAS E ARTES



COMUNICAÇÃO DE VAGA - 2a e última publicação

A ACLA comunica a existência de 3 (três) Cadeiras vagas nesta Academia, a saber: 
Cadeira número 6 – Patrono José Augusto Meira Dantas;
Cadeira número 20 – Patrono Francisco de Salles Meira e Sá; e
Cadeira número 21 – Patrono Ana Augusta da Fonseca Varela,
Estas Cadeiras deverão ser preenchidas de conformidade com o que determina o Estatuto Social, através do artigo 5, II, 6 e 9 e seus parágrafos, que ora transcrevemos.
“Art. 5 - Os sócios da Academia Ceará-Mirinense de Letras e Artes “Pedro Simões Neto”-ACLA são de cinco categorias, a saber:
I - ...............
II - EFETIVOS, os que preencherem os seguintes pré-requisitos para a admissão:
a) ser ceará-mirinense nato ou gozar de cidadania do município por título outorgado pela Câmara Municipal ou, ainda, ter ligações afetivas e/ou profissionais com o Município;
b) ter publicado ou desenvolvido trabalho de notório valor cultural nos campos da literatura, da história, das artes ou das ciências, a juízo da Comissão de Análise de Candidatos;
..............
Art. 6 - Os sócios EFETIVOS [...] serão admitidos mediante proposta subscrita por dois outros sócios fundadores e/ou efetivos, ou a pedido do próprio interessado, aprovada pela Diretoria e submetida à Assembleia Geral; [...]
Parágrafo único - Na hipótese de ser a indicação proposta e subscrita por dois outros sócios fundadores e/ou efetivos deverá receber a aquiescência do candidato.
Art. 9 - As vagas de membros EFETIVOS que vierem a ocorrer serão preenchidas mediante escrutínio secreto, em sessão especialmente convocada, no mínimo, noventa dias após a declaração da vacância.
§ 1° - A eleição processar-se-á pelo Regimento Interno da Academia, devidamente aprovado em Assembleia Geral.
§ 2° - A inscrição do candidato será feita em documento por ele assinado, acompanhado de comprovação do preenchimento dos requisitos de que trata o art. 6º.
§ 3° - Considerar-se-á eleito o candidato que obtiver a maioria absoluta dos votos dados, pessoalmente ou por correspondência, pelos membros da Academia.”

Caso alguém, que preencha os requisitos preconizados pelo Estatuto Social da ACLA e tenha interesse em ocupar uma Cadeira vaga, que oficialize a sua pretensão, na forma prevista através dos dispositivos legais referidos, dentro do prazo de 30 dias, contados a partir da data desta publicação, feita no dia dez e hoje, dia doze do mês de março do ano de dois mil e quinze.