segunda-feira, 7 de março de 2016

CEARÁ MIRIM – UM GOSTO DE AVENTURA HISTÓRICA ARQUITETÔNICA

Ceará – Mirim está ligada intimamente com a cana de açúcar, que possibilitou um grande desenvolvimento na sua economia. A cana gerou a criação de trabalhos nem sempre livre, trazendo com sigo a escravidão, que foi um elemento característico do vale, devido aos seus engenhos. Cheio de riquezas, o vale do Ceará – Mirim possui em sua estrutura elementos culturais primordiais e importantíssimos para a identidade de seu povo. A partir da literatura local e de alguns trabalhos desenvolvidos, farei uma breve explanação sobre alguns pontos importante para constituição de sua História e Arquitetura.


Por volta de 1760, Ceará-Mirim era conhecida por Boca da Mata, pertencente a Vila de Extremoz. Somente em 1882, a vila recebeu status de cidade, denominada Vila do Ceará-Mirim.
O município está localizado a 27 km de Natal, na região do Mato Grande. A cidade preserva alguns casarios do início do século XIX, construídos no auge da produção açucareira.



Casarios






Solar dos Antunes 

O Solar Antunes é um imponente casarão no centro da cidade, foi construído em 1888, em estilo colonial, pertenceu à família Antunes e foi doado por Rui Pereira Júnior, seu último herdeiro, para ser a sede da Prefeitura Municipal. 

Igreja Matriz da Imaculada Conceição 





É importante caracterizar a Igreja Matriz da Imaculada Conceição que é uma das maiores riquezas do município pela sua História e pela sua arquitetura. A pedra fundamental da Igreja Matriz de Ceará - Mirim, foi lançada em 21 de fevereiro em 1858. A construção da Matriz de Nossa Senhora da Conceição começou a ser construída em 1858, pelo Frei Serafim Catânia, porém suas obras foram concluídas em 1900, ou seja, após 42 anos. Foi construída de acordo com o Engenheiro Mr. David Willians com recursos cedidos para província do Rio Grande do Norte e pela própria população local. Por suas dimensões é a maior igreja do Rio Grande do Norte, medindo 57m de comprimento e 23 de largura. Foi construída com suas torres góticas e de base quadrangular e terminal em agulha, medindo 36 metros, apenas as torres. 

A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição é um edifício de arrojado projeto arquitetônico, construído de planta e em cruz latina, formada pela Capela-Mor e duas capelas laterais, cercadas por belos arcos plenos. 

Os painéis do teto foram pintados em 1912 por Rafael Furlter espanhol e restaurados por José Lemos. (Arquivo Municipal da Prefeitura de Ceará-Mirim). As portas principais foram edificadas em arco batido e a altura do coro 5 janelas em vergas retas, encimadas por vitrais em arco pleno, são almofadadas em folha de acanto, com colunas laterais em estilo jônico-simplificado; o frontão é triangular e está encimado por uma cruz latina, ladeadas por duas pequenas volutas rompantes. 


O Mercado do Café 




O Mercado do Café, reformado pela Prefeitura Municipal, é o marco de uma economia ativa e próspera durante o ciclo canavieiro. Construído por volta de 1880, o mercado era um grande entreposto para a comercialização dos produtos da cana de açúcar (rapadura, mel, álcool, açúcar, melaço e aguardente).

Roteiro turístico pelos engenhos – “Rotas dos Engenhos” 

A paisagem bucólica, entre verdes canaviais, palmeiras imperiais e frondosas mangueiras, esconde verdadeiros tesouros históricos. Dezenas de Engenhos, alguns em ruínas e no completo abandono, outros intactos e preservados, formam a “Rota dos Engenhos”, projeto turístico da prefeitura de Ceará-Mirim.

Rota: 

  • Museu Nilo Pereira


O Museu Nilo Pereira, antiga Casa Grande do Engenho Guaporé, construído em 1850, é de grande importância para a história do RN. Uma das razões é que abrigou o governador da Província, Vicente Inácio Pereira, por volta de 1860.

O Museu de Ceará-Mirim já foi um dos maiores centros de cultura onde guardava a história do Município de Ceará Mirim e do RN. Construído em meados do Século XIX, mais precisamente em 1850 e de arquitetura neo-clássica, o prédio pertence oficialmente ao acervo da Fundação José Augusto e foi denominado Museu Nilo Pereira, em homenagem ao poeta bisneto do antigo dono da casa. 

A restauração data de 1978, quando o madeiramento foi trocado. Não há nenhum móvel dentro do casarão. Completamente entregue às traças e morcegos, hoje serve apenas para uso de viciados em drogas usarem o local para consumo de drogas e outros sinistros.


  • O engenho Mucuripe



O engenho Mucuripe, fundado em 1935, por Ruy Antunes Pereira. O complexo Mucuripe é a reunião de três engenhos que também pertencem a Ruy Antunes Pereira que foram transmitidos a seus filhos: o Cumbe, o Oiteiro, e o Alagoa. Os dois primeiros não existe mais e o ultimo deu lugar ao Mucuripe, chamado pelo seu fundador de Mundo Encantado seu refugio na vida e na morte. Falecido em 1995, seu fundador foi enterrado a sombra de uma palmeira imperial que guarda o velho engenho que luta contra as transformações impostas pelo avanço da tecnologia. A concorrência imposta pelos produtos industrializados das usinas, durante a década de 1960 contribuiu para a diminuição de sua produção. 
Em 1975, o Mucuripe passou por uma ampla reforma que modificou toda a sua estrutura incluindo o maquinário. Atualmente as dependências do engenho consiste em casa de purgar, um salão no qual fica a moenda, a caldeira e os tachos de mel, um deposito, um escritório, uma guarita e a destilaria desativada desde 1960. 

Algumas edificações estão completamente em ruínas, deixando a mostra suas paredes de tijolos duplos, expondo toda a imponência de outras épocas. O velho Engenho Carnaubal, o primeiro do Vale, construído em 1840, oferece ao visitante uma referência da grandeza da arquitetura usada pelos Barões do Açúcar. O engenho Ilha Bela, construído em 1888 pelo Coronel José Felix da Silveira Varela, também está em pleno estado de ruínas.

Na propriedade onde existiu o Engenho Santa Theresa, cuja lembrança é uma enorme chaminé que resistiu ao tempo e permanece de pé, há uma nascente de água cristalina, chamada de “Banho das Escravas”. Como o nome sugere, era o local onde as escravas se banhavam e lavavam as roupas dos seus senhores.

  • Casarão do Barão de Ceara-Mirim 



A antiga casa-grande do barão de Ceará-Mirim está localizada em terras da Usina S. Francisco ex-engenho do mesmo nome, nas proximidades da cidade do Ceará-Mirim atualmente, pertence a Companhia Açucareira Vale do Ceará-Mirim. Residência senhorial, edificada em meados do século passado, conforme indica a inscrição existente na sua fachada: 1857. Seu primeiro proprietário foi o Senhor-de-Engenho Manoel Varela do Nascimento, Barão do Ceará-Mirim. 

A Casa-Grande do antigo Engenho São Francisco é ainda uma da melhores edificações do Município. Desenvolvida em dois pavimentos, a casa apresenta partido de planta quadrangular, com cobertura de quatro águas, beiral corrido com extremidades em “cauda de andorinha”, arrematado por cimalha.
A fachada principal da casa possui uma porta de acesso, ladeada por seis janelas, superpostas por sete janelas, rasgadas, guarnecidas por uma única grade de ferro. Todos os vãos são de arcos abatidos, com cercaduras de massa.

O prédio sofreu algumas alterações. Assim, as suas paredes externas perderam o belo revestimento de cerâmica do porto, da época de sua construção. O seu interior, onde um dia foi usado como administração da usina São Francisco, sofreu pequenas modificações para adaptá-lo ao novo uso. A casa possui piso cimentado no térreo, ainda conservando o assoalho de tabuado corrido, no pavimento superior. Mantém o forro de tabuado, no térreo, e no pavimento superior foi colocado gesso.

Antigamente, na sala de honra de casa-grande encontravam-se os retratos a óleo de barão e da baronesa. O tradicional edifício foi despojado de seus antigos moveis. O portão nobre, de ferro fundido em Portugal, foi transferido para uma construção ao lado da casa-grande. Nas proximidades daquela residência existe um pequeno cemitério e uma Capelinha, dedicada a N.S. da Conceição, onde se encontram duas imagens antigas, de madeira, e um crucifixo de marfim. O barão faleceu a 1º de março de 1881 e a baronesa aos 16 de julho de 1890, conforme indicações constantes das lousas mortuárias existentes naquele pequeno cemitério, onde também acham-se sepultados outros familiares. 

A Casa-Grande encontra-se “abandonada" assim como cemitério e a capelinha, que se encontram em péssimo estado de conservação no mais profundo abandono. Esperamos uma maior atenção por parte dos atuais proprietários, no sentido de ser recuperado aquele conjunto arquitetônico de relevante importância histórica, de modo a valorizá-lo como patrimônio arquitetônico e sentimental do verde vale dos canaviais.


Dentro de uma visão de interiorização do turismo e a diversificação de roteiros culturais, a “Rota dos Engenhos” é uma alternativa cultural, com gosto de aventura histórica, oferecida pelos verdes canaviais do Vale do Ceará-Mirim.
Dispuseram Arruda


Pesquisa feita por: Cesar Ferrari e Rhayssa Silva
Texto revisado por: Juliana Roseno

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